Você conhece a variedade Catimor? Nos últimos dias, quando estávamos escolhendo alguns pacotinhos de café para comprar, nos deparamos com um que nos chamou a atenção. Se tratava de um café Catimor, uma variedade do café arábica que ainda não havíamos provado, mas já tínhamos escutado falar. Por isso, claro, compramos.
Provando
Dessa forma, quando recebemos por aqui, já fomos abrir para provar. Porém, como acontece na maioria das vezes, não lemos as características principais no rótulo, para sempre treinar nossa percepção.
De início, preparamos no V60, na proporção 1:15. Logo de cara, no primeiro gole, já sentimos que o café tinha alguma característica que normalmente não estávamos acostumados a sentir nos cafés que provamos no dia a dia.
Em síntese, detectamos que o café nos lembrava um robusta especial que havíamos provado há um tempo atrás. E adivinha? Era exatamente isso, pois quando fomos nos aprofundar sobre o assunto, descobrimos a origem dessa variedade.
Catimor
Portanto, o Catimor simplesmente é o cruzamento entre o Caturra (que já conhecemos) e o Timor, que foi criado em Portugal no ano de 1959. E detalhe, o Timor é uma variedade do Robusta. Por isso, o resultado final na xícara é de um café com baixa acidez e tendência a ser um pouco amargo.
E esse leve amargor foi exatamente a característica que detectamos de primeira no café que provamos. Porém, vale destacar que apesar desse leve amargor, o café que escolhemos, mesmo um pouco menos doce, permanece bacana e com notas leves de frutas vermelhas. Vale a pena a experiência!
Aliás, vale ressaltar que o Catimor pode se adaptar bem a algumas regiões que podem produzir cafés com nuances diferentes.
Show, né? Agora bora preparar em outros métodos para a experiência ser ainda mais completa.
Mais sobre o Catimor
De Timor para Portugal, e depois para o resto do mundo. Em traços largos, este foi o percurso de uma planta de café que começou nos anos 50 e mudou a produção de café para sempre. Portugal ofereceu-a gratuitamente a mais de 40 países. A sua descoberta, uma das principais avanços na cafeicultura mundial, porque resistia a uma doença que afecta o cafeeiro. Deu origem a variedades de cafeeiros patenteadas em nome de diversos países, sem que Portugal visse daí qualquer retorno comercial. Não se sabe ao certo quando surgiu essa planta. Os relatos são desencontrados: certos investigadores indicam em 1917 ou 1918, outros falam de 1927 e outros ainda de 1957.
O que se sabe é que no meio de uma plantação de Timor devastada pela ferrugem alaranjada sobressaía um pé de cafeeiro completamente resistente à doença. Apresentava uma mistura de características entre o cafeeiro robusta (Coffea Canephora), resistente à ferrugem, e o arábica (Coffea Arabica), susceptível à ferrugem. Pensa-se que as duas espécies, as que têm maior valor económico, se cruzaram espontaneamente na natureza, e por isso a planta resultante ficou conhecida como híbrido de Timor…